sábado, 17 de julho de 2010

O passageiro e o definitivo

Todos os caminhos do mundo levam ao coração do guerreiro; ele mergulha sem hesitar no rio de paixões que sempre corre por sua vida. O guerreiro sabe que é livre para escolher o que desejar; suas decisões são tomadas com coragem, desprendimento, e – às vezes – com uma certa dose de loucura.
Aceita suas paixões e as desfruta intensamente. Sabe que não é preciso renunciar ao entusiasmo das conquistas; elas fazem parte da vida e alegram a todos que delas participam.
Mas jamais perde de vista as coisas duradouras e os laços criados com solidez através do tempo

Um guerreiro sabe distinguir o que é passageiro e o que é definitivo.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

De terras cariocas...

Toc..toc...toc...Posso entrar?

A janela se abria para um céu limpo e um vento nostálgico, desses que só o inverno pode oferecer.Ela se abria pro mundo, pro seu mundo, pro mundo que o acolhia dentro daquela casa.Tudo  parecia ter vida,alma, e lembro-me de ter visto muita cor também. As cores vinham das estantes, que eram repletas de livros . Livros grandes, finos, grossos, pequenos. Livros que falavam sobre amor, arte, maravilhas naturais do mundo...Tudo ali se fazia essencial, cada peça montava um quadro de formas únicas.
E,não posso esquecer, o vinho tinto e o sofá na frente da TV.
Era um bom lugar para voltar. Para voltar depois de um dia cheio, depois de uma noite longa, depois de ter pego muita chuva,  depois voltar e tirar os sapatos. Porque, me diga, existe algo mais confortante que chegar em casa e poder tirar os sapatos?
Existe algo melhor que , poder no silêncio escrever algumas palavras sem sentido e depois de fazer o almoço lembrar que elas talvez possam compor o mais belo texto do mês? 
Lembro de ter sonhado com tudo isso. Com cores, livros, livros,livros, tapetes, cortinas, jazz, luz e um cheiro pessoal. Não me recordo do cheiro.Mas o incenso estava lá, perfumando a casa do poeta.

De repente acordei do sonho. O vento continuava o mesmo, o céu ainda mais azul. Existiam mais livros do que eu supunha , e o incenso continuava a perfumar. E o poeta . Ele esta lá, sem sapatos, escrevendo versos de amor, inventando em suas alucinações. Procurando versos antigos entre tantos outros sobre sua mesa desarrumada.

terça-feira, 13 de julho de 2010

"O que seria preferível, que a pessoa que você ama passasse a lhe odiar, ou que lhe fosse totalmente indiferente? Que perdesse o sono imaginando maneiras de fazer você se dar mal ou que dormisse feito um anjo a noite inteira, esquecido por completo da sua existência? O ódio é também uma maneira de se estar com alguém. Já a indiferença não aceita declarações ou reclamações: seu nome não consta mais do cadastro.




Para odiar alguém, precisamos reconhecer que esse alguém existe e que nos provoca sensações, por piores que sejam. Para odiar alguém, precisamos de um coração, ainda que frio, e raciocínio, ainda que doente. Para odiar alguém gastamos energia, neurônios e tempo. Odiar nos dá fios brancos no cabelo, rugas pela face e angústia no peito. Para odiar, necessitamos do objeto do ódio, necessitamos dele nem que seja para dedicar-lhe nosso rancor, nossa ira, nossa pouca sabedoria para entendê-lo e pouco humor para aturá-lo. O ódio, se tivesse uma cor, seria vermelho, tal qual a cor do amor.



Já para sermos indiferentes a alguém, precisamos do quê? De coisa alguma. A pessoa em questão pode saltar de bung-jump, assistir aula de fraque, ganhar um Oscar ou uma prisão perpétua, estamos nem aí. Não julgamos seus atos, não observamos seus modos, não testemunhamos sua existência. Ela não nos exige olhos, boca, coração, cérebro: nosso corpo ignora sua presença, e muito menos se dá conta de sua ausência. Não temos o número do telefone das pessoas para quem não ligamos. A indiferença, se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor de nada. "

Martha Medeiros.





Talvez seja isso mesmo,
para estar com alguém basta odiar. Basta que essa pessoa nos faça sentir arrepios , nos faça quebrar copos, nos incomode. Existem muitas maneiras de se estar com alguém. O ódio é uma delas.